 A Rede Nacional de Arquivistas das IFES - ARQUIFES identificou e se alinhou à iniciativa do Fórum Nacional de Ensino e Pesquisa em Arquivologia (FEPARQ) em produzir uma nota sobre o incêndio na Cinemateca Brasileira.
A Rede Nacional de Arquivistas das IFES - ARQUIFES identificou e se alinhou à iniciativa do Fórum Nacional de Ensino e Pesquisa em Arquivologia (FEPARQ) em produzir uma nota sobre o incêndio na Cinemateca Brasileira.Diante da gravidade dos fatos, o Comitê Nacional de Arquivistas das IFES (CNIFES) aprovou que a Rede ARQUIFES assinasse a nota que foi divulgada pela Coordenação do FEPArq.
Além da Rede ARQUIFES, outras sete entidades também assinam o documento, além de todos os cursos de arquivologia do Brasil.
  
NOTA DO FÓRUM NACIONAL DE ENSINO E PESQUISA EM ARQUIVOLOGIA  (FEPARQ) SOBRE O INCÊNDIO NA CINEMATECA BRASILEIRA 
Segundo relatos de diversos gestores, servidores e ex-funcionários, a maior parte dos  documentos perdidos fazia parte de um acervo documental que contemplava filmes históricos e registros únicos das políticas para o cinema, desde a década de 1960 com o Instituto Nacional do  Cinema, passando pelo Conselho Nacional de Cinema e por parte da história da Embrafilme, até  chegar à atual Secretaria Nacional do Audiovisual.  
Desde 2019, quando foi encerrado o contrato entre o governo federal e a Associação de  Comunicação Educativa Roquette Pinto, a Acerp, organização social que fazia a gestão da  Cinemateca Brasileira, as instituições de patrimônio, os profissionais do cinema e audiovisual, as  entidades de preservação e a comunidade acadêmica vêm assistindo a um enredo de péssima  qualidade, recheado de descaso, incúria, inércia e incompetência com o patrimônio documental  do país. Desde então, o governo federal foi alertado por inúmeras instâncias, mas nada fez.  
No primeiro semestre do ano passado, o Ministério Público Federal abriu investigação  sobre a falta de uma unidade gestora na Cinemateca e requereu judicialmente que, em caráter  emergencial, a União renovasse o contrato com a gestora anterior, buscasse nova gestora ou  assumisse ela mesma a gestão desse patrimônio. Mas o governo federal nada fez. 
Arquivos são repositórios de informação, conhecimento e memória. Arquivos não podem  esperar. A preservação audiovisual é uma tarefa contínua que exige profissionais altamente  qualificados, recursos técnicos, financeiros, monitoramento constante e cuidados na manutenção e atualização de equipamentos. A negligência do poder público em relação à área da preservação  no Brasil é uma questão histórica e estrutural, mas ao que parece, tornou-se política do atual  governo federal. É um descaso inaceitável, que atinge órgãos da cultura, como a própria  Cinemateca, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e a Fundação Casa  de Rui Barbosa. É uma combinação deliberada e perversa de abandono e “desmonte”, sem  precedentes na história do país. Até quando? E quantas instituições culturais e científicas mais  passarão pelo mesmo problema? 
Criada na década de 1940, a Cinemateca Brasileira é a principal instituição de preservação  do patrimônio audiovisual do país e possui um amplo legado de contribuições a cultura. Carece  urgentemente de recursos humanos, técnicos, financeiros, infraestrutura e gestão profissional que  lhe permita cumprir sua missão. 
As instituições da sociedade civil, as entidades científicas e profissionais devem cobrar a  apuração dos fatos e a adoção de medidas urgentes para garantir a preservação adequada do  patrimônio documental do país pois, da mesma forma que ocorreu com a Cinemateca Brasileira,  as demais instituições de preservação têm passado por um processo de deterioração das condições  técnicas e de redução significativa de seus quadros profissionais, em virtude da omissão dos  órgãos governamentais responsáveis. 
Assinam a Nota:
  
 
